A gestão de riscos operacionais é um dos pilares da governança nas instituições que atuam no mercado de capitais. À medida que as exigências regulatórias da CVM e da BSM Supervisão de Mercados se tornam mais rigorosas, torna-se essencial adotar uma abordagem estruturada, baseada em indicadores-chave de risco (KRIs), para garantir conformidade, eficiência e segurança.
Este artigo apresenta um guia prático e atualizado para definir, monitorar e aplicar KRIs de forma estratégica, com base nas diretrizes mais recentes do mercado.
O que são indicadores-chave de risco (KRIs)
Os KRIs (Key Risk Indicators) são métricas que permitem antecipar riscos operacionais. Enquanto os KPIs medem desempenho, os KRIs indicam possíveis falhas, fragilidades ou irregularidades antes que elas causem impactos.
Eles fazem parte do ciclo completo de gestão de risco operacional, que envolve: identificação dos processos críticos, avaliação dos riscos e impactos, definição de controles e políticas mitigadoras, monitoramento contínuo por indicadores e revisão dos processos.
Quando bem definidos, os KRIs tornam-se ferramentas estratégicas para prevenção e tomada de decisão.
Contexto regulatório no mercado de capitais
A CVM, por meio do Plano Bienal de Supervisão Baseada em Risco (SBR) 2025–2026, destaca a gestão de riscos operacionais e PLD/FTP como prioridades de supervisão.
Já a BSM, em seu Guia de Alertas, recomenda que os participantes do mercado utilizem critérios como recorrência, sistematicidade, materialidade e benchmarks para definir alertas eficazes.
Portanto, mais do que reagir a falhas, as instituições precisam monitorar proativamente comportamentos que indiquem risco crescente e agir antes que eles resultem em sanções.
Como definir indicadores-chave de risco eficazes
Um bom KRI deve ser mensurável, relevante, orientado à ação e comparável com benchmarks internos e de mercado.
Também deve ter periodicidade definida, garantindo que os dados sejam analisados continuamente.
O ideal é iniciar com KRIs que monitorem processos críticos como onboarding de clientes, suitability, execução de ordens, conciliação e PLD/FTP.
Cada indicador deve ter um limite de alerta (threshold) e ações predefinidas para resposta.
KRIs essenciais para monitorar riscos operacionais
Processo | Indicador (KRI) | Objetivo | Frequência | Fonte de Dados | Ação |
---|---|---|---|---|---|
Onboarding e KYC | % de cadastros pendentes após 5 dias úteis | Detectar gargalos e riscos de não conformidade | Semanal | CRM / Backoffice | Revisar processo de KYC |
Suitability | % de operações fora do perfil de risco | Identificar exposições indevidas | Diário | Sistema de Suitability | Revisar perfil e bloquear novas ordens |
Execução de Ordens | % de alocações após D+0 | Monitorar atrasos e riscos de sanção | Diário | OMS / Bolsa | Notificar equipe e ajustar controles |
Derivativos e OTC | Nº de operações com preço fora do benchmark | Identificar manipulações ou erros | Diário | Netflow / Market Data | Reavaliar política de preço justo |
Liquidação | Nº de falhas de conciliação D+1 | Detectar riscos financeiros | Diário | ERP / Custódia | Corrigir causas e reforçar automação |
PLD/FTP | Nº de alertas acima do limite mensal | Identificar padrões suspeitos | Diário | Sistema PLD | Revisar investigações e relatórios |
TI e Suporte | Tempo médio de indisponibilidade de sistemas | Mensurar risco de continuidade | Mensal | Logs / Monitoramento | Revisar SLA e contingência |
Como definir thresholds e tratar alertas
A BSM recomenda quatro critérios principais para calibrar os indicadores: recorrência, sistematicidade, materialidade e benchmark.
Por exemplo: se mais de 5% das ordens forem alocadas após D+0, configura-se alerta amarelo. Acima de 10%, alerta vermelho e investigação obrigatória.
Esses thresholds devem ser revisados trimestralmente, com base em análises históricas e mudanças regulatórias.
Integração com sistemas de gestão de risco
Para que os KRIs sejam realmente eficazes, é essencial utilizar soluções automatizadas.
Sistemas como o GRTrader, o PLDTrader e o Netflow, desenvolvidos pela NetTrader, permitem:
- Monitoramento contínuo
- Alertas automáticos
- Dashboards executivos
- Relatórios personalizáveis
- Integração via API
Com essa automação, as instituições reduzem custos, aumentam a precisão e fortalecem a conformidade com CVM e BSM.
Benefícios de um programa de KRIs estruturado
A adoção de indicadores-chave bem definidos traz benefícios diretos:
- Detecção antecipada de falhas
- Melhor uso de recursos de compliance
- Redução de perdas financeiras e reputacionais
- Mais eficiência nas auditorias
- Maior confiança junto a reguladores e investidores
Exemplo prático na mesa de operações
Uma corretora com 10 mil ordens diárias pode usar KRIs como:
- Percentual de ordens canceladas por erro
- Percentual de alocações fora do tempo limite
- Volume de negociações atípicas por cliente
Assim, é possível identificar riscos de front running, falhas operacionais e desvios de política de suitability, antecipando medidas corretivas antes que resultem em penalidades.
Boas práticas de governança com KRIs
Atualize seus indicadores periodicamente, integre áreas de risco, compliance e tecnologia, audite a qualidade dos dados, automatize alertas e reporte resultados mensais à alta gestão.
Ferramentas como o Netflow, da NetTrader, facilitam a consolidação de indicadores transacionais e o acompanhamento em tempo real.
Perguntas frequentes
Qual a diferença entre KRI e KPI?
KPIs medem desempenho, enquanto KRIs medem exposição ao risco.
Com que frequência devo revisar meus KRIs?
Recomenda-se revisão trimestral ou sempre que houver mudança significativa nos processos ou nas normas.
KRIs substituem auditorias?
Não. Eles complementam auditorias ao oferecer visão contínua e preventiva.
Posso usar KRIs manuais?
Sim, mas a automação garante maior precisão e agilidade.
Conclusão
Monitorar riscos operacionais com KRIs é uma prática essencial para instituições que desejam manter conformidade e previsibilidade.
Mais do que atender exigências regulatórias, os indicadores-chave permitem transformar a gestão de risco em vantagem competitiva.
Com soluções como o GRTrader, PLDTrader e Netflow, sua instituição garante visibilidade, eficiência e segurança em todos os processos.
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